Nestes tempos terríveis de vício em espiar a vida alheia, os espiadores
(que espiam, observam secretamente) muitas vezes se atropelam na ânsia de fazer
seus comentários, e trocam o S pelo X e vice-versa.
Desta forma, espiar vira expiar, e expiar transforma-se em espiar.
E o velho bode expiatório (que costumava livrar as
pessoas da culpa) aparece como
um mero “bode espiatório”.
Sem mais delongas, passemos às definições.
Espiar
Primeiro, espiar: observar de modo secreto, sem ser notado, espreitar (o
pessoal nas redes sociais prefere a horrível adaptação do verbo to
stalk, do inglês: “stalkear”; como se isso fosse
mais fácil de escrever que espreitar).
Espiar, que é o ato do espião, é sinônimo de espionar.
Expiar
Já expiar significa reparar uma culpa ou uma falta, redimir-se de um ato
ofensivo, ou crime; daí expiar pecados (ou, como se diz no popular, pagar os
pecados).
Também quer dizer sofrer pelos atos criminosos cometidos: expiar um
crime na prisão.
Assim, enquanto as pessoas espiam a vida alheia, ou produzem vida alheia
para ser espiada, nós, pobres mortais, expiamos nossos pecados mais terríveis
ao ter que aguentar as reverberações dessas aberrações.
Como já dizia Shakespeare: Muito Barulho Por Nada!
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