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terça-feira, 21 de julho de 2009


A Gramática Tradicional – Falhas e Novas Propostas

Publicado por Júlia Machado Campolina [Jujups] em 10/4/2008 (1391 leituras)

Resumo: O presente artigo trata das transformações sofridas pela Língua Portuguesa, surgindo daí a necessidade de atualização da Gramática Tradicional, também conhecida como Gramática Normativa. Atuais estudos desenvolvidos por lingüistas apontam os pontos gramaticais carentes de tais atualizações, além de apresentarem novas propostas mais consistentes e coerentes.

Palavras - chaves: Língua Portuguesa, evolução, Gramática Normativa, atualização, análise, reflexão.

O artigo em questão vem discutir pontos falhos da Gramática Tradicional e correspondentes propostas mais coerentes e consistentes. Tal discussão tem como objetivo a reformulação gramatical por meio de uma análise reflexiva dos conceitos e regras apresentadas pela Gramática Normativa. Tudo isso se justifica com o fato da língua portuguesa estar em constante evolução, surgindo daí a necessidade de atualizações.

Atualmente podemos perceber a doutrina gramatical como um conjunto de afirmações aparentemente gratuitas e sem grande relação com fatos observáveis, sendo considerada ultrapassada. Isso é justificado por algumas falhas principais:

• Inconsistência teórica
• Falta de coerência interna
• Caráter predominantemente normativo
• Enfoque centrado no dialeto padrão (escrito), com exclusão de todas as outras variantes.

Tendo em vista, tais falhas, os recentes estudos lingüísticos apontam novas propostas, soluções para elas. Primeiramente, a gramática deverá se sistemática, teoricamente consistente e coerente. Em segundo lugar o dialeto padrão deve ser visto como uma dentre varias variantes lingüísticas, sendo as principais também explicitadas. Deve-se enfatizar que existem fatores que determinam tal variação e que a adequação / inadequação do emprego de tais variantes é relativa, dependendo das circunstancias em questão.
Perini (2000) trata, com bastante clareza e objetividade, do assunto em questão. O autor discute, dentre as três falhas básicas da Gramática Tradicional, a questão da incoerência e inconsistência teórica. Para isso, aborda alguns pontos gramaticais, a título de exemplificação, tais como a transitividade verbal, o posicionamento dos clíticos ou pronomes oblíquos e a noção de sujeito.
A incoerência teórica é bem exemplificada por Perini através da analise e reflexão da transitividade verbal. A transitividade verbal, ao classificar os verbos em intransitivos; transitivos diretos, indiretos e diretos/indiretos; de ligação tem como critério a exigência e recusa de complementação verbal e o tipo de complemento exigido. A incoerência teórica faz-se presente ao passo que tal classificação não prevê os casos de aceitação livre de complementação.
Por meio da análise e reflexão da questão do posicionamento dos clíticos, Perini retrata com clareza uma outra grande falha da Gramática Tradicional: o artificialismo lingüístico, uma vez que ela expõe regras quanto ao uso “correto” dos pronomes oblíquos, regras estas distantes do uso dos falantes de uma determinada comunidade lingüística.
Aliados às discussões acima, Perini também propõe soluções para as falhas encontradas nas descrições gramaticais. Quanto à transitividade verbal, sugeri a criação de outro critério de classificação além do já existente, o critério da aceitação livre de complementação. Já quanto à questão da colocação pronominal clítica, a solução seria uma nova descrição gramatical mais próxima do uso dos falantes brasileiros.
Podemos concluir, através do presente artigo, que a Gramática Tradicional ou Normativa apresenta falhas no que diz respeito aos conceitos e regras por ela expostos. Surge daí a necessidade de reformulação, atualização dessa gramática, ao passo que a Língua Portuguesa está em crescente evolução. Mais do que isso, o ideal seria a renovação do ensino gramatical por meio da criação de novas atitudes de maior responsabilidade teórica, maior rigor de raciocínio, libertação do argumento da autoridade, mais espírito crítico. Só assim poderá o ensino da gramática proporcionar um campo para o exercício da argumentação e do raciocínio, contribuindo para a formação intelectual dos estudantes.

http://www.jomar.pro.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=133

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